domingo, 17 de julho de 2011

" Então  ela congelou no meio de uma frase. Sua expressão me deu o aviso um microssegundo antes de minha náusea. Em um único movimento fluido, girei nos calcanhares para ver o que havia às minhas costas e saquei a estaca. Um Strigoi estava ali, alto e imponente, se revelando enquanto eu me distraía. Burra, burra. Me recusara a deixar Tamara andar sozinha de volta para casa, mas nunca cheguei a considerar o perigo bem atrás de...
 - Não...
 Eu não sabia ao certo se tinha dito ou pensado essa palavra. Não importava. Tudo o que importava naquela hora era o que meus olhos enxergavam diante de mim. Ou, enfim, o que meus olhos acreditavam enxergar. Porque, sem sombra de dúvida, eu tinha que estar imaginando aquilo. Não podia ser real. Não depois de todo esse tempo.
 Dimitri.
 Eu o reconheci na mesma hora, muito embora ele estivesse.. mudado. Acredito que, mesmo numa multidão com um milhão de pessoas, eu o teria reconhecido. Essa era a força de conexão que existia entre nós. E, depois de tanto tempo privada de sua companhia, eu me embebi com cada detalhe. Os cabelos escuros na altura do queixo, deixados soltos naquela noite e ondulando de leve em torno do rosto. O conhecido par de lábios, agora curvados num sorriso divertido e anda assim indiferente. Ele até estava com o guarda-pó que sempre usava, o longo casaco de couro que podia ter saído direto de um filme de caubóis.
 E então... havia os traços de Strigoi. Seus olhos escuros - os olhos que eu amava - contornados de vermelho. A pele pálida, pálida como o branco da morte. Em vida, sua compleição fora tão bronzeada quanto a minha, graças a tanto tempo passado ao ar livre. Se ele abrisse a boca, eu sabia que veria caninos.
 Essa avaliação inteira ocorreu em um piscar de olhos. Eu reagi rápido quando o detectei - mais rápido do que ele provavelmente teria esperado. Eu ainda contava com o elemento surpresa, minha estava empunhada e pronta. Estava alinhada de modo perfeito ao seu coração. Eu sabia, naquela hora, que podia atingi-lo antes que ele pudesse se defender. Mas...
 Os olhos. Oh, Deus, os olhos.
 Mesmo com aquele anel vermelho perturbador ao redor das pupilas, seus olhos ainda me lembravam o Dimitri que eu conhecera. A expressão em seus olhos - o aspecto desalmado e maligno -, isso não tinha nada a ver com ele. Mas havia semelhança suficiente para balançar meu coração, subjugar os meus sentidos e sentimentos. Minha estaca estava pronta. Tudo o que eu tinha que fazer para matá-lo era continuar a trajetória. Eu tinha a oportunidade em minhas mãos...
 Mas não conseguia. Só precisava de mais alguns segundos, mais alguns segundos para vê-lo e então o mataria. E  foi então que ele falou.
 - Roza. - A voz possuía aquela mesma gravidade maravilhosa, o mesmo sotaque... só era mais gélida. - Você esqueceu a minha primeira lição: não hesite.
 Mal vi seu primeiro golpe em direção à minha cabeça.. e, então, não vi mais nada.

                                                                 Richelle Mead.
                             "Promessa de sangue - Academia de Vampiros.", páginas 248, 249 e 250.

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